é controverso. se nao tivesses importancia iria ignorar-te e nao encontraria em ti toda a inspiração que encontro, és tu o que molda as minhas palavras, és tu quem traça com um lápis imaginário os limites da minha criatividade e és tu quem nao serve para nada. apenas para isto, e falando assim parece que isto é pouco mas é muito. "isto" é ainda o que me faz escrever. a minha escrita é uma escrita de restos. eu preciso de escrever, preciso por mim, para sentir que ainda tenho qualquer coisa cá dentro mas torna-se tudo tao absurdo e controverso quando estou no meio da rua e me surge uma ideia que repito até casa e no momento em que me disponho a escrever desaparece, e depois surge o desejo de escrever de escrever qualquer coisa apenas para matar esta sede. ainda me estou a habituar a escrever sobre outros assuntos. mas tu és sempre a minha ultima fonte de inspiração, é ainda em ti que encontro muito material. É tao triste ter imensas ideias e nao as conseguir passar para o papel, sinto-me inutil quando chego a casa com uma mão cheia de ideias e um coraçao vazio para as transportar para palavras. É preciso ter mais do que ideias para as palavras que escrevemos terem sentido e eu ja perdi a conta ás coisas que, depois de escrever, re-li e pensei que há muito tempo que o sentido deixou de fazer parte da minha vida. o pior ainda é o sentido restar apenas em ti. agora sinto me vazia, fútil, fria, ... eu tenho completa noção de que tu entraste em mim muito antes de eu poder notar, desvaneceste-te algures entre um tempo e outros mas muito muito antes de eu dar conta. Tu não és mais do que eu com um coração cheio e sem medo de errar, de perdoar, de dar, de partilhar, de sofrer, de acabar magoada, de acreditar em ideias sem nexo mas estás tão longe que te encaro como outra pessoa. Ou talvez seja até a ideia de que se admitar que tu estás dentro de mim me traga para mais perto da realidade que tanto adio.
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