sexta-feira, 3 de julho de 2009

M de meu

Tu.Tu és: um fato de Carnaval no fundo do meu armário.
Cada vez que olho para ti, vejo-me. É tão inevitável ver-me a mim nessa tua liberdade de espírito e sorriso fácil. Um dia quis ser como tu, ou juntar-me a ti mas são demasiadas coisas para te fazer um fato de mascara sério. ambiciono um dia usar-te numa peça de teatro ou vestir-te uma única vez para conseguir sentir-te na minha pele e encostar cada pedaço teu a mim. Estás coberto de pó e de teias de aranha mas nem por isso perdes o teu encanto especial. A tua beleza centra-se na simplicidade dos teus traços, linhas rectas e cores neutras que ao contrario do esperado não te tornam banal mas sim diferente de tudo o que eu havia incorporado. Olho para ti no fundo do meu armário, estás triste e sozinho. Novamente a minha imagem reflecte-se em ti e por impulso agarro-te numa manga. Sacudo-te e sem demoras retiro a roupa que me cobre e visto-te. já nem o teu cheiro a mofo me retraí. És um fato lindo e devias ser usado mais vezes. Tenho pena da minha vida nao me deixar olhar para ti mais vezes e passares despercebido e esquecido no fundo daquele armário onde guardo as recordações, ou as coisas que já nao uso mas não quero dar nem esquecer. Sou egoísta. E tu és lindo e meu, és o meu fato. desapertei o teu fecho e vesti-te. agora somos 1. olho-me ao espelho. ficas bem em mim. já não penso muito. és um fato lindo, quem me dera ter-te mais vezes. e choro. choro de alegria e de saudade. ainda agora estamos juntos mas e o amanha? não posso vestir-te para sempre. és um fato lindo. é bom ter-te em mim e é bom sentir-te aqui, junto a mim, agarrado a cada pedaço da minha pele acariciando-a. olho-me ao espelho e as tuas linhas suaves parece que me dizem que já chega, que o nosso tempo acabou. não choro, foi bom e agora só quero guardar este vislumbre da nossa junção durante muito tempo. não te peço que fiques comigo, não aguento um não e depois os fatos de mascaras como tu nunca passam de moda, porque nunca estão na moda. desaperto-te, lanço-te um olhar de cumplicidade. entre nós não existem despedidas porque o futuro é incerto. não te vou emprestar ás minhas amigas. tu és o meu fato de Carnaval. um dia reformulo-te e passas a ser uma camisola, acho que davas uma bonita camisola e tenho a certeza que serias a minha camisola preferida. estou feliz, foi bom. agora percebo o porquê de chamarem a uma coisa como tu um fato de fantasia. vou-te por de novo no sitio onde te fui buscar, lá estás tu cheio de pó e com um inquietante cheiro a mofo que não atenua de maneira nenhuma a minha vontade de te vestir.

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