"deixa-me", disse-te isto tantas vezes quantas as que te quis ao meu lado, vezes essas que já não se contam pelos dedos das mãos nem pelos lápis de uma caixa das grandes com cores repetidas. não consigo ter conversas contigo em que eu diga o que sinto sem parecer ridícula, existe sempre qualquer coisa no teu tom de voz que me parece censurar e por isso acabo sempre por falar, leia-se escrever, para ninguém porque assim ninguém me censura, ninguém me chama de parva por ainda estar presa a isto. mas sabes, isto é muito para mim e custa-me que o deixes morrer assim. é o mesmo que ter um filho e desistir depois das dores do parto. alguém diz que quando se ama há sempre tempo, há sempre bateria e rede eu digo que se assim fosse tu hoje não tinhas sono e o teu jogo amanha não era realmente um factor importante que não te levasse a dispensar-me 2 minutos para escrever uma mensagem com um "eu tb." assim curto e meio frio. isso chegar-me-ia para saber que estás do meu lado, comigo, contra todas as expectativas e pareceres. o pior é que eu sei que muitas das vezes te faço o mesmo e me esqueço de um 'eu tb'; a mim isso faz me forte, faz me sentir ainda indiferente ao que tu falas e por consequência fico com a ilusão que nao dependo de ti. ás vezes é difícil ouvir-te e ignorar ou ignorar a indiferença e fingir que me amas sempre, sempre sempre, mesmo que não me dês a mão quando preciso e nao esperes por mim. um dia vai ser assim. vou pedir-te a mão, tu não a vais ceder e depois vais correr bem rápido como se tivesses a bola nos pés e a baliza fosse o teu objectivo. podes correr mas não chutes com força. nunca levas-te com uma bola? ás vezes dói. e hoje apago a noite num cinzeiro. sinto sempre que falhei aos teus olhos, nunca chego. guardo a sensação de fracasso para mim e tento fingir que nao era mais feliz se fosses mais inteligente ou se nao falhasses tanto como ser humano.
10 anos de Alfaiate
Há 6 anos